Vibra lança fundo de R$ 90 milhões para startups de energia limpa e mobilidade

A Vibra Energia, maior distribuidora de combustíveis do país, vai criar um fundo de venture capital com aporte inicial de R$ 90 milhões para a compra de participações em startups voltadas ao desenvolvimento de soluções para transição energética, mobilidade e pagamentos que possam ser integradas aos negócios da companhia no futuro.

A companhia pretende colocar o capital de risco em um universo de oito a doze empresas nacionais ou estrangeiras em estágio inicial ou mais estruturado, as fases “seed” e “serie A”, no jargão do mercado. Também está na mira da distribuidora de combustíveis a participação em cotas de outros fundos setoriais, inclusive internacionais, para acessar empresas do Vale do Silício, nos Estados Unidos, e de Israel.

O vice-presidente de tecnologia e digital da Vibra, Aspen Andersen, afirma que não há faixas definidas: o investimento pode vir abaixo de R$ 1 milhão para negócios precoces e chegar a dezenas de milhões no caso de iniciativas mais maduras, validadas pelo mercado.

“Vamos optar por participações ao redor de 20%, 30% no máximo, porque queremos que o empreendedor mantenha engajamento”, diz.

Sobre os alvos da Vibra, Andersen fala em empresas que trabalhem com novos tipos de energia para transporte, como elétrica e hidrogênio verde; tecnologias de mobilidade como de compartilhamento de veículos, capazes de aproveitar a rede de postos; e fintechs que ofereçam soluções de pagamento para o varejo de combustível e lojas de conveniência.

“Retailtechs também podem fazer bastante sentido”, diz o executivo, ao citar startups que usam dados para personalizar ofertas, unificar canais e refinar processos de venda. Ainda não há empresas selecionadas, mas a Vibra já conta com a colaboração de 40 startups e tem outras 100 cadastradas em projetos de parceria com redes de fomento à inovação. “O radar existe”, diz Andersen.

Empresa fez aporte em eletroposto

Um bom indício de como a Vibra deve aplicar os recursos foi o aporte em fevereiro, anterior ao fundo, de R$ 5 milhões na Easy Volt Eletromobilidade, startup que oferece infraestrutura de abastecimento de carros elétricos para pessoas físicas.

O negócio vem ganhando escala e, no intervalo de um ano, entre os primeiros trimestres de 2021 e 2022, saltou de 50 estações de recarga em quatro estados para mais de 200 em nove estados, com média de 300 utilizações diárias.

Esses eletropostos, hoje instalados em condomínios, supermercados e shoppings, vão se espalhar pelos postos de gasolina da companhia, os tradicionais bandeira Petrobras. Já existe um primeiro ponto de recarga instalado em posto da rodovia Presidente Dutra, no município de Roseira (SP), com acesso gratuito por 90 dias, mas previsão de cobrança pelo serviço à frente.

Segundo Andersen, a meta é instalar 70 eletropostos de carga rápida de 20 minutos até o fim de 2023 e buscar a eletrificação de 9 mil quilômetros de estradas no nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, até Brasília, onde se concentra a incipiente frota de carros elétricos de passeio do país.

Disruptivo para uma empresa que ainda tem como negócio principal combustíveis fósseis, o plano conversa com a estratégia de transformar a empresa em uma “plataforma multienergia”, como define Andersen. No caso da Easy Volt e de outros negócios que recebam aportes, uma das ideias é integrar as operações de recarga com soluções digitais e fontes renováveis, como eólica e solar.

Esforço em meio à restrição de investimentos

O investimento do fundo nas startups pode ser convertido em participação societária, com opção de compra pela Vibra. Andersen detalha que o fundo foi pensado para investir nas startups em um arco de 10 anos, sendo cinco de investimento e acompanhamento. A metade final do período é para desinvestimento ou incorporação definitiva à companhia. Segundo Andersen, a ideia é desenvolver o fundo com R$ 90 milhões e avaliar sua atuação ao fim de três anos, embora novos aportes possam ocorrer

O esforço da Vibra vem em um momento de enxugamento do investimento em startups no mundo devido ao ciclo generalizado de alta dos juros. Se, por um lado, a empresa mostra disposição para dobrar a aposta em inovação, por outro, vai encontrar mercado um pouco mais carente e pode aproveitar boas oportunidades.

Andersen minimiza a chamada “crise das startups”. “Os cheques diminuíram em 2022 na comparação com o ano passado, mas a quantidade de negócios que recebem investimentos não mudou muito. É um movimento sem volta”, diz, em referência à busca por inovação.

Com informações O Estado de São Paulo

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