Maratona busca soluções inovadoras para aquicultura brasileira

Uma live (transmissão ao vivo pela internet) no canal da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no YouTube iniciou as inscrições da primeira edição da Maratona Inove Aqua. A iniciativa é da Embrapa Pesca e Aquicultura, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Evento

A maratona estava programada para o ano passado, no formato presencial, mas não foi possível devido à pandemia de covid-19. Depois de um ano e meio da pandemia, a empresa decidiu não adiar mais, disse à Agência Brasil a pesquisadora Helen Kato, da Embrapa. “É uma maratona de soluções”, acrescentou Helen.

Não se trata de uma competição de programação ou desenvolvimento de softwares (programas de computador) e aplicativos, completou. Em razão de pandemia, a primeira edição da maratona será realizada totalmente digital, na plataforma Discord.

“A ideia é que a gente possa trazer acadêmicos das mais variadas áreas do conhecimento para olhar para a aquicultura e ver potencial. Porque a aquicultura é uma atividade produtiva que não para de crescer e tem destaque enorme no mundo”.

No Brasil, Helen afirmou que a aquicultura precisa de pouco para avançar. “Esse pouco que a gente precisa é tecnologia”. Podem participar também profissionais que já estejam no mercado.

Atividades

As inscrições, que podem ser feitas no site www.inoveaqua.com.br, vão até o dia 15 de outubro. A pesquisadora observou que as equipes interessadas devem se inscrever logo no início do processo, para não perder as ações que serão oferecidas pela Embrapa e o Sebrae, envolvendo palestras, visitas virtuais, cursos, mentorias com pesquisadores da Embrapa e outros para apoiar o desenvolvimento das soluções, entre outras iniciativas.

Dependendo do número de equipes inscritas, será feita uma pré-seleção, no final de outubro, e as melhores soluções serão apresentadas a uma banca julgadora em live, que será assistida pela cadeia produtiva. A data de escolha das equipes vencedoras ainda não foi definida, porque depende do volume de inscrições. Helen Kato disse que a cadeia produtiva é a principal interessada no resultado da maratona.

Ela explicou que esse tipo de evento não obriga os vencedores a ceder para a Embrapa Pesca e Aquicultura soluções que sejam boas para a cadeia produtiva do setor. Deixou claro, entretanto, que as portas da Embrapa estão abertas para possíveis parcerias com as universidades. “É interesse da Embrapa desenvolver tecnologias por meio da inovação aberta. A gente está sempre buscando isso”.

Inovação

Helen afirmou que o objetivo do evento é estimular o ecossistema de inovação da cadeia produtiva, mostrar que a aquicultura “é um espaço com necessidades a serem resolvidas por tecnologia, seja ela de software, de hardware (parte física dos computadores), de programação, e isso vai estimular o país como um todo”. A meta é aumentar a produtividade e a sustentabilidade do setor.

As três melhores soluções receberão prêmios no valor de R$ 5 mil, para o primeiro colocado, R$ 2 mil para o segundo e R$ 1 mil para o terceiro. O Inove Aqua conta com o apoio da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Fonte: Agência Brasil.

Fórmula inovadora de ração tem ação terapêutica no combate a bactérias e potencial para melhorar desempenho de tilápias

Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFScar) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), formularam uma ração para peixes que inclui extratos naturais em sua composição, tecnologia patenteada recentemente.  

O principal efeito do extrato é ser agente alternativo promissor para melhorar a produção e o controle de doenças parasitárias no cultivo de peixes, evitando o uso de antibióticos sintéticos, que podem acarretar possíveis reflexos na resistência imunológica e imunossupressão.

Benefícios

Entre os benefícios, proporciona maior desempenho produtivo e estimula o sistema imune, evitando assim os efeitos negativos do estresse, melhorando a resistência a patógenos.

 “Testamos o produto com peixes, que passaram por um desafio bacteriano. Inoculamos bactérias após a suplementação com a ração contendo o extrato e os peixes apresentaram maior sobrevivência e melhoria do sistema imune. Quer dizer, estavam melhor preparados para enfrentar esse desafio bacteriano” explica  Michelly Soares, pesquisadora colaboradora na pesquisa. 

Além de proporcionar um aumento na eficiência produtiva, melhoria na conversão alimentar, maior crescimento e melhora do sistema imunológico, também minimiza estresse inerente ao cultivo e que tornam os peixes mais suscetíveis a novas doenças. Esses efeitos benéficos foram possíveis com a inclusão desse extrato na formulação da ração.

Psicultura


Além disso, por ter ação antibacteriana, pode ser usado para combater bactérias que mais acometem os peixes de piscicultura, pois apresentou potencial eficácia para inibir o crescimento e eliminar as bactérias Streptococcus agalactiae, a Aeromonas hydrophila e a Flavobacterium columnare, sendo uma bioalternativa para reduzir o uso de antibióticos sintéticos na piscicultura.  

“Os resultados da pesquisa mostraram ser muito promissores e, por ser baseado em um produto natural, contribui para a sustentabilidade da aquicultura, acredita Michelly. Uma vez adotado pelos produtores, haverá uma oferta de alimentos mais saudáveis e seguros para os consumidores, já que irá reduzir a necessidade de uso de antibióticos na produção de peixes, evitando a presença de resíduos. Com isso, esse novo produto inovador possui potencial para impactar positivamente a cadeia produtiva da aquicultura, em especial as fábricas produtoras de ração para peixes”, diz Sonia Queiroz, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente.   

“Os resultados deste estudo demonstram claramente que a utilização da formulação de ração contendo suplementação com o extrato pode beneficiar a aquicultura pelo potencial em aumentar a eficiência produtiva do setor de piscicultura, pois proporciona melhoria na conversão alimentar, maior crescimento, melhora do sistema imune e minimiza a resposta ao estresse dos peixes de cultivo e atende uma das maiores demandas do setor produtivo de tilápias, o peixe mais produzido no Brasil e no mundo, que tem sofrido perdas produtivas em decorrência do aumento da ocorrência de bactérias”, diz  Fernanda Sampaio, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e uma das coordenadoras da pesquisa. 

Projeto


Após a obtenção da patente a pesquisa será ampliada com testes a campo para certificação das respostas obtidas em laboratório. Para isso foi feito projeto em parceria com a Terpenia Bioinsumos e em conjunto com a Embrapa estão dando continuidade a pesquisa. 

“Nós da Terpenia Bioinsumos estamos muito motivados e otimistas com a parceria com a Embrapa Meio Ambiente, por meio de um contrato de inovação aberta, cujo objeto, escopo e metodologia se enquadram perfeitamente na nossa estratégia e propósito empresarial” diz Miguel Bassi Peres, Diretor Comercial da Terpenia. 

“Além disso, continua Peres,  nossa empresa foi criada para o desenvolvimento de bioativos a partir de extratos vegetais, com base no conhecimento existente na academia e nos institutos de pesquisa no Brasil, que associado à nossa experiência empresarial visa a viabilização de produtos inovadores que possam chegar ao mercado de forma competitiva”.  

A equipe de execução do projeto é composta por Claudio Jonsson, Sonia Queiroz, Fernanda Sampaio, Marcos Losekann e Marcia Assalim, da Embrapa Meio Ambiente,  Michelly Soares e Francisco Rantin, da UFScar, além dos colaboradores da Terpenia.

Fonte: Embrapa