Uma visão de futuro para a indústria

*Por José Garrote

A industrialização de Goiás é um processo recente e pode ser considerada um fenômeno por ter feito o Estado saltar das últimas posições entre os Estados industrializados do País no fim dos anos 1960 para, atualmente, o 7º maior parque fabril. É uma vitória inegável e histórica, mas é uma página já escrita. O que vamos escrever daqui para frente?

A Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (ADIAL) sabe que parte desta revolução industrial goiana se deve ao planejamento estratégico do Estado, a busca constante da maior produtividade e aos incentivos fiscais. E sabe que vamos ter sempre de lutar por produzir com preços que possam chegar competitivos em mercados consumidores distantes, como o das Regiões Nordeste, Sudeste e Sul.

O produto Made in Goiás tem um custo extra de operação logística que o fará chegar em outros Estados mais caro que o produzido lá, na própria região. E boa parte de nossas operações fabris são gigantes, com capacidade de produção nacional e não apenas regionais.

Hoje, os incentivos fiscais conseguem, pelo menos, equilibrar essa relação de custos e fazer com que industrializar fora dos grandes centros consumidores seja possível.

Essa equação descentralizou a produção industrial brasileira e possibilitou a uma política industrial regional Brasil afora. Essa política reequilibrou as forças produtivas, gerou empregos e receitas tributárias para os Estados emergentes.

A atual reforma tributária, por exemplo, destrói essa lógica e tende em poucos anos a desestimular a indústria regional e a fortalecer que as indústrias migrem para cidades vizinhas aos grandes centros urbanos. Esta reforma, as anteriores e outras que possam vir caso essa não vingue, são patrocinadas por governos com grandes centros consumidores, que veem neste caminho, a forma de recuperar as indústrias que perderam e manter as que estão insatisfeitas.

As propostas trazem sempre um discurso de antiguerra fiscal, mas, na verdade, é mais um capítulo da disputa entre Estados que lutam para se desenvolverem com independência e soberania, pois com a carência histórica e o abandono das políticas de desenvolvimento regional federais e sua eterna limitação de recursos, transformaram os Estados periféricos em pedintes e mendigos de verbas federais. Criar fundos para substituir hoje a autonomia do ICMS é dar mais um pires nas mãos dos Estados para no futuro mendigar mais recursos – vide a Lei Kandir e outras.

Para abrir um novo ciclo de expansão, o AgreGO, programa inicialmente idealizado pela ADIAL, apoiado incondicionalmente pelo Fórum Empresarial, encampado e conduzido pelo Governo Estadual e executado pela Magno Consultores, fará esse papel de revisar nossos conceitos industriais, pensar e repensar caminhos produtivos, medir, consolidar e desmistificar ideias, e, no fim, traçar um plano diretor para trilharmos por uma década.

Tudo isso com apoio científico, construído a várias mãos, que inclui grandes planejadores, executivos e economistas com experiência de décadas de indústria regional e nacional.

É uma parada técnica necessária, que neste volume de informações e decisões que diariamente tratamos, tanto setor público quanto privado, jamais teríamos condições de fazermos por conta própria.

Em 2022, daremos novos passos. O ciclo do AgreGO evolui de planejar para as primeiras etapas de implantação. São dez anos. É um plano central, diretor, mas em paralelo, entidades e governos vão complementar com medidas que vão nele se basear. É como uma ferrovia, fazendo uma analogia simples: como você sabe o traçado, objetivos, começo, meio e fim, já se pode basear nela para construir ramais e terminais.

A ADIAL, baseada o AgreGO, acredito que o mesmo ocorrerá com as co-irmãs, vai traçar seus projetos, como ESG, ADIAL Talentos, ações sociais e demais projetos, seguindo o traçado do AgreGO, pois maximizaremos resultados de todo ecossistema industrial goiano.

E não apenas as entidades, vamos transmitir as informações abertas e necessárias para que nossas indústrias compreendam o tamanho deste plano diretor e por ele se orientem – o que nos vai abrir caminho para expansões e também atrair novos investimentos. Esta disseminação é um ciclo virtuoso de evolução da indústria, pois fortalece na base, do chão de fábrica à cúpula do planejamento estratégico do Estado. O AgreGO é revolucionário também neste sentido, pois pode se tornar um divisor de águas e dar competitividade à produção industrial goiana.

*José Garrote – Empresário e presidente do Conselho de Administração da ADIAL

Rio Verde: a potência histórica e industrial do nosso Estado

O município de Rio Verde, em Goiás, completou, no dia 5 de agosto, 173 anos. Podemos dizer que, economicamente, a cidade se revitaliza a cada ciclo, seja por sua força na agropecuária, como nos setores industrial, de serviços e comercial.

Rio Verde é vanguarda quando se fala em negócios. Na agroindústria, praticamente, foi pioneira ao interiorizar a industrialização de grande porte, como por exemplo, de grãos. O parque industrial do município, segmentado, é referência nacional. Mesmo cidades que seguiram o caminho de Rio Verde, nos Estados de Goiás e Mato Grosso, não alcançaram a força de cadeia produtiva da cidade.

Faço referência à excelência em produção agropecuária e em sua industrialização. Também tem se tornado excelente em serviços de infraestrutura, com um novo modal, um hub regional, com rodovias e ferrovia, que nos últimos dois anos recebeu aportes consideráveis e será responsável por um novo ciclo de expansão da região.

Mesmo sendo vanguarda, Rio Verde mantém suas tradições e representatividade há mais de um século e meio. Quando se estuda a história de Goiás, econômica ou política, Rio Verde sempre tem sempre um capítulo a parte, nunca foi coadjuvante – sempre influenciou e teve papel decisório nos destinos e nas decisões relevantes do Estado.

Possui a quarta população de Goiás, praticamente 250 mil habitantes, e o quarto Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, caminhando para R$ 9 bilhões por ano e 5% do PIB goiano, e a terceira maior arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) – devido a sua forte industrialização. Com sua expansão, a renda per capita bate R$ 40 mil ano, bem maior que a média do Estado, que ainda não chega a R$ 30 mil.

Precisamos destacar também que Rio Verde é o maior produtor de soja do Estado, e também um importante produtor de arroz, milho, algodão, sorgo, feijão e girassol. É o quinto município no ranking nacional do valor de produção agrícola, segundo o IBGE, com dados de 2020. A cidade conta com um importante plantel bovino, avícola e suíno. Destaque nacional na industrialização de carnes. Com esta força do agronegócio, nas últimas três décadas, a explosão da exportação goiana começa e tem até hoje sua força em Rio Verde.

Essa potência do setor privado em expansão, que tem quase 6.500 empresas, foi determinante para ampliação dos serviços públicos e privados de educação, saúde e segurança, tendo a cidade hoje um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) maior que a média das cidades do interior do País.

Diante de tudo isso, estendo o parabéns a todos rio-verdenses e não posso deixar de me incluir, pois sou também bairrista, e como todos rio-verdenses, me orgulho dessa cidade que é um polo regional, uma força indutora de crescimento e nos dá muito orgulho de receber e dar boas notícias desta relevante cidade do cenário econômico do centro-oeste brasileiro.

Temos muito a falar de Rio Verde, suas vitórias, conquistas e sua gente. Rio Verde muito entregou a Goiás em mais de um século e meio de história e temos certeza que muito ainda vai contribuir com o fortalecimento do Estado. Parabéns a Rio Verde, sempre avante.

EDWAL PORTILHO
Presidente-executivo da Adial.