Estão abertas, até o dia 1º de março, as inscrições para o sexto e último ciclo do Programa Soja Sustentável do Cerrado. Resultado da parceria entre a PwC Agtech Innovation e o Land Innovation Fund, com apoio da Cargill, CPQD, Embrapa e Embrapii, a iniciativa busca soluções de inovação que gerem valor para a floresta em pé e contribuam para a conservação da vegetação nativa em propriedades rurais de um dos biomas mais ameaçados pelo avanço da fronteira agrícola no país. As startups selecionadas contarão com até US$ 50 mil cada de aporte financeiro para o desenvolvimento das soluções por meio do Startup Finance Facility, apoio técnico-científico de uma equipe de pesquisadores selecionados para o Fellowship Cerrado, e contato direto com proprietários rurais que integram o Programa For Farmers.
Nesse ciclo, o programa incentiva a participação de startups com soluções técnicas e regulatórias para uma produção sustentável, como mecanismos financeiros, rastreabilidade e conformidade ambiental; a redução de desmatamento e degradação da floresta nativa, como monitoramento, manutenção de recursos hídricos e agricultura regenerativa; e a geração de receita a partir da conservação da vegetação nativa, como mercado de carbono, bioeconomia e pagamento por serviços ambientais.
“Queremos que as iniciativas complementem os projetos apoiados nos cinco primeiros ciclos e formem um portfólio de soluções de sustentabilidade capazes de atender à propriedade rural como um todo – da área plantada à floresta em pé”, afirma Ashley Valle, diretora do Land Innovation Fund.
O programa fomenta a criação, o desenvolvimento e a entrega de soluções de inovação que contribuam para o desenvolvimento sustentável do Cerrado. Em 2023, a área de desmatamento no bioma chegou a 7.828 km²: um aumento de 43% em relação ao ano anterior e o maior número desde 2009, segundo dados do INPE. A região possui poucas unidades de conservação e demarcações de territórios para os povos tradicionais, e apenas 20% deve ser preservado como Reserva Legal, de acordo com o Código Florestal.
“Com o PSSC, promovemos o intercâmbio de conhecimento entre os múltiplos elos da cadeia agrícola para a construção de soluções que estimulem a disseminação de práticas sustentáveis e de baixo carbono, e a criação de mecanismos financeiros que valorizem a vegetação nativa, criando condições para conter o avanço da fronteira agrícola na região”, afirma Ashley Valle.
Resultados parciais
Desde que foi lançado, em março de 2021, o Programa Soja Sustentável do Cerrado recebeu 253 aplicações de 17 estados do Brasil, além do Distrito Federal. Somados os cinco ciclos anunciados até agora, 28 startups foram selecionadas para integrar o portfólio do programa, com soluções que abrangem toda a propriedade rural, desde a área produtiva até a floresta em pé.
Desse total, 18 projetos implementados por 22 startups receberam aporte financeiro de recursos não-reembolsáveis do Startup Finance Facility (SFF), iniciativa inédita de gestão e fomento para o desenvolvimento, testagem e implementação das soluções de inovação. Já foram alavancados recursos adicionais de mais de USD 480 mil em contrapartida financeira e técnico-científica para as startups.
Startups integrantes do PSSC têm acesso a um time de pesquisadores do Fellowship Cerrado para apoio técnico-científico e conectam-se com proprietários rurais do Programa For Farmers para intercâmbio de ideias, oportunidades de negócios e cooperação. O desenho inovador do programa permite múltiplas possibilidades de parceria entre os participantes. “A interseção inédita do For Farmers com o Fellowship Cerrado e o aporte financeiro do SFF, somada à participação de três instituições de referência em pesquisa e desenvolvimento do país – Embrapii, CPQD e agora Embrapa – e o apoio de uma trade como a Cargill colocam o Programa na fronteira da inovação junto ao ecossistema empreendedor”, completa Dirceu Ferreira Júnior, COO do PwC AgTech Innovation e sócio da PwC.
Assim, uma iniciativa inédita de monitoramento da biodiversidade para criação de uma plataforma digital de espécies arbóreas do Cerrado, em desenvolvimento pela Bioflore, pode ser testada em uma propriedade rural participante do For Farmers, no interior do Maranhão, e contar com o apoio da BrCarbon, outra integrante do portfólio PSSC, para o fornecimento de dados de inventário florestal coletados no mesmo campo; quatro startups com expertises diferentes – AgTrace, BrainAg, brCarbon e umgrauemeio – conseguem trabalhar de forma integrada no desenvolvimento da HyperT, plataforma online em formato blockchain para diagnóstico socioambiental de propriedades rurais, com foco na cadeia de suprimentos da soja, mas válida para qualquer outra commodity agrícola.
A conexão com os parceiros estratégicos do programa permite ainda o aprimoramento das soluções tecnológicas. A ferramenta de monitoramento acústico em desenvolvimento pela GreenBug contou com o suporte técnico-financeiro de especialistas do CPQD, Embrapii e Sebrae para o desenvolvimento de um algoritmo para o armazenamento de dados. Para desenvolver uma solução sistêmica de agricultura regenerativa composta por três plataformas integradas – técnica, financeira e digital – a LandPrint teve o suporte técnico da Bioflore para dados de carbono e biodiversidade, e aporte financeiro adicional da Cargill para a realização de testes-piloto na região do Maranhão.
“O PSSC tem aberto portas para a profissionalização da nossa solução, servindo como cartão de visitas para a nossa jornada de prototipagem e go-to-market como startup”, afirma Fernando Souza, fundador da Sintrópica Capital Natural. A startup trabalha com institutos de pesquisa, universidades e produtores rurais no desenvolvimento de protocolos e ferramentas de análises de sensoriamento remoto e inteligência artificial para uma análise do solo e da cobertura vegetal mais assertiva e financeiramente acessível para os produtores do Cerrado.
Inscrições até 1 de março: https://www.pwc.com.br/pt/consultoria/agtech-innovation/programas/soja-sustentavel.html