O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), tem trabalhado para orientar o produtor a não utilizar cama de frango na alimentação de ruminantes.
O uso de produtos, que possuem em sua composição proteínas ou gorduras de origem animal, é proibido na alimentação de ruminantes em todo o território nacional, segundo a Instrução Normativa 08/2004, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A preocupação é que, além da disseminação de doenças como o botulismo, a alimentação de ruminantes com cama de frango possa contribuir para a ocorrência, no Brasil, da encefalopatia espongiforme bovina (EEB), conhecida popularmente como ‘mal da vaca louca’.
Para evitar que isso ocorra no Estado, a Seapa e a Agrodefesa têm buscado levar informações ao produtor rural sobre os riscos do uso, as penalidades em casos de fornecimento de cama de frango na alimentação e como fazer denúncias de irregularidades.
Neste caso, a Agrodefesa criou o Disque Denúncia, por meio do 0800-646-1122. As denúncias também poder ser feitas por meio do Sistema de Defesa Agropecuária de Goiás (Sidago), através do sidago.agrodefesa.go.gov.br/sem-login/abrir-denuncia.
Mal da vaca louca
Segundo a médica veterinária e assessora técnica da Seapa, Carolina Berteli, o Brasil figura no grupo de países com risco insignificante para a doença devido aos controles realizados, entre eles a proibição do uso de produtos de origem animal na alimentação de ruminantes. Entretanto, ela enfatiza que é preciso ficar alerta e adotar todas as medidas preventivas.
“É uma doença com sintomatologia nervosa que leva à morte e é causada por uma proteína atípica, denominada príon, que pode ser transmitida entre os animais e para o homem por meio da ingestão de alimentos de origem animal contaminados. Além do risco de transmissão para humanos, a ocorrência de EEB no Brasil teria resultados catastróficos para a atividade agropecuária, com suspensão de exportações e grandes prejuízos ao agronegócio e a economia brasileira”, informa.
De acordo com o gerente de sanidade animal da Agrodefesa, Antônio Leal, a cama de frango configura um risco nestes casos, pois é o material utilizado para forrar o piso dos galpões de granjas, que pode ser de maravalha, palha de arroz, serragem, etc. “Misturado a este material estão fezes, urina, restos de ração e penas oriundas da criação das aves. A ração das aves contém produtos de origem animal como farinhas de carne, ossos e sangue, constituindo risco potencial para a transmissão da EEB”, acrescenta.
O médico veterinário explica ainda que a cama de frango tem sua utilização permitida na adubação de lavouras e pastagens. “Entretanto, nas pastagens deve ser incorporada ao solo. Os ruminantes somente poderão ser introduzidos no local 40 dias após a adubação”, informa.
Penalidades
O coordenador do Programa de Estadual de Controle de Encefalopatias da Agrodefesa, Fernando Bosso, explica que caso o produtor seja flagrado fornecendo cama de frango na alimentação de ruminantes, poderá responder a processo federal e deverá abater os animais que foram alimentados com o material no prazo de 30 dias após a notificação de resultado positivo.
“Poderá, além do abate em estabelecimento sob inspeção veterinária oficial, ocorrer o sacrifício dos animais na propriedade com destruição das carcaças. É importante o confinador ter noção de que, no Brasil, não existe a Doença da Vaca Louca. É dever de todos contribuir para que continue assim. Não forneça cama de frango na alimentação de ruminantes e denuncie o uso de farinha de carne e ossos e cama de frango na alimentação de ruminantes”, acrescenta o médico veterinário.
Fonte: Agrodefesa