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Cada sociedade se forma e desenvolve com suas forças e com sua capacidade de produzir. Opções de modelos mais complexos, que envolvem educação e tecnologia, como os Tigres Asiáticos, exigem muitas décadas de estruturação cultural voltada para alta complexidade econômica.
Outros modelos e mais tradicionais, como ocorre no Brasil, se dão por força das suas vocações econômicas, no início, e vão se aprofundando. Goiás é um exemplo claro. Com forte produção agropecuária, formou sua história econômica em volta de produtos que vinham do campo, grãos e carnes, principalmente.
Por mais de um século, só plantava, colhia, consumia uma parte e vendia a outra. Produtos in natura e pouco elaborados geram pouca receita para reinvestir na produção. Nas últimas décadas, dois fenômenos fortes em Goiás: primeiro, a industrialização, e, em seguida, a exportação. São duas revoluções na economia goiana.
O fluxo de comércio internacional (exportação mais importação) é do mesmo tamanho ou maior que o comércio interno, e a indústria goiana hoje responde por quase um quarto do PIB e mais de 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos.
Goiás foi beneficiado por sua política interna de incentivos fiscais, que profissionalizou nossa produção, gerou empregos de maior valor agregado e mais qualificação, atraiu faculdades e interiorizou o desenvolvimento econômico. Em volta das grandes indústrias, cidades foram reinventadas.
Mas já são quase cinco décadas de incentivos fiscais (começaram nos anos 1970, no governo Leonino de Ramos Caiado) e, desde então, o processo de produção e expansão contínuo foi se dando com indução e união dos setores público e privado, mas sem um plano diretor que programasse o futuro – mesmo porque a factualidade era proeminente por conta da necessidade de consolidação dos programas e das disputas judiciais, legislativas e executivas entre Estados.
É uma evolução continuada. Da década de 1970, indústria incipiente, à sétimo maior parque industrial do País e quinto maior em geração de empregos, passou muita água debaixo da ponte. Se reinventar e dar passos disruptivos na indústria é nossa característica.
O AgreGO é o novo passo. Um projeto pioneiro no Brasil em que um Estado toma a atitude de realizar sua política industrial de longo prazo, um plano diretor da indústria. O Agrego vai planejar, profissionalmente, com especialistas mais renomados do País, o setor industrial de Goiás no ciclo 2021-2030. Apesar de muito recente, pois foi anunciado no início de julho pelo governador Ronaldo Caiado, o projeto já tem números robustos e animadores.
O AgreGO, idealizado pela ADIAL em conjunto e apoiado em peso pelo Fórum Empresarial de Goiás, e conduzido pelo governo estadual, que é o agente econômico responsável por planejar e direcionar o desenvolvimento do Estado, já tem mais de 50 empresas do setor produtivo goiano integradas aos estudos do programa.
A iniciativa encontra-se na fase de mapeamento de cenários prospectivos e trabalhos estão sendo executados pela Magno Consultores. Nesta fase de Estudos, que vai até o início de 2022, os consultores vão destrinchar todos os números do setor e coletar informações e dados detalhados por segmentos, tanto no setor privados quanto público.
Todos os dados serão comparados com a realidade estrutural da economia goiana e também com a realidade de cada setor no âmbito nacional. Serão identificados potenciais ganhos de empregos, investimentos, tributos e competitividade da produção local para oito macro-setores.
Isso é planejar com várias mãos, pensar com várias cabeças. É a transformação (espírito maior da indústria) de ideia em valor. Vamos poder nos conhecer melhor, dialogar com inteligência, superar pequenos e baixos debates e desvencilhar de tabus e preconceitos.
Se a Coreia do Sul tivesse deixado de evoluir um dia sequer, não teria direcionado, como o fez, a indústria com suas inovações em vários setores de tecnologia e automotivo. Vamos seguir modelos grandes e alcançar o melhor para nossa sociedade. O AgreGO abre a janela do futuro e nos dá condições de escrever uma história de uma sociedade que acredita no seu futuro, na sua gente.