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Uma ação de recuperação ambiental realizada para preservar a nascente de um dos afluentes do Córrego João Leite está indo além do objetivo inicial e, literalmente, produzindo frutos para a comunidade. Trata-se de uma agrofloresta no município de Santo Antônio de Goiás, a pouco mais de 20 quilômetros de Goiânia. Iniciada em 2017, ela já ocupa 1,8 hectares no Parque Cultural Florata, onde já são colhidas em média 15 toneladas de alimentos por ano.
A produção está contribuindo com a alimentação de famílias da região. No início deste mês de dezembro, o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), da cidade de Santo Antônio de Goiás, recebeu as hortaliças, verduras e legumes para distribuir para famílias carentes.
Para a secretária municipal de Assistência Social, Daiane de Fátima, titular do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), que já recebeu a doação em outros momentos, a iniciativa é importante para as famílias em situação de vulnerabilidade, que não têm condições de comprar verduras e legumes.
“Esses alimentos ajudam a prevenir a desnutrição e a deficiência alimentar de crianças e adultos”, salienta.
Entenda
A agrofloresta é um tipo de plantio que combina culturas agrícolas e arbóreas no mesmo local, gerando a produção de alimentos e a recuperação de áreas degradadas ao mesmo tempo. Enquanto as árvores nativas crescem, a produção de alimentos acontece simultaneamente em razão do plantio consorciado.
O trabalho de recuperação é da Biapó Urbanismo, que desenvolveu o Parque Cultural Florata no local, que era uma área de pastagem no passado. Na área que, outrora, estava degradada, agora há espécies de ipês, angicos, aroeiras, barrigudas, ingás, mutamba, imbaúbas, copaíba e, entre elas, árvores frutíferas como limão, laranja, mexerica, abacate, mangas, roma, caju, pitanga, acerola, amora cacau, café. Além disso, dependendo do estágio da floresta, é possível colher culturas anuais como milho, abóbora, feijão, quiabo, jiló, batata doce e inhame e hortaliças.
O biólogo e agricultor Murilo Arantes, responsável pela agrofloresta, explica que a vegetação tem papel fundamental para a manutenção da saúde das nascentes, exercendo o papel de redutoras da velocidade da água das chuvas, infiltração das águas e limitação do processo de assoreamento.
“A gente trabalha com a técnica de agrofloresta em que buscamos imitar o que a natureza faz, seguimos os mesmos padrões para restaurar uma área. Nós colocamos os mesmos princípios para reflorestar áreas de nascente d’água”, explica. O espaço da agrofloresta fica acima da nascente e funciona como uma caixa de recarga da nascente, ou seja, é onde a água se infiltra no solo.
Doações
Desde que a produção começou, diversas instituições sociais do estado de Goiás já foram beneficiadas pelo projeto de doação de alimentos promovido pelo Florata Condomínio Florestal, gerido pela Elysium. A iniciativa das doações surgiu quando os responsáveis pela agrofloresta constataram a expressiva produção, acima do consumo dos proprietários do Florata Condomínio Florestal, que ajudam a manter a iniciativa, e dos funcionários do empreendimento e do parque, considerando que a produção alcança mais de 1 tonelada por mês. Desde 2018, foram mais de 60 toneladas de alimentos orgânicos colhidos.
“Primeiro, liberamos os alimentos para os moradores do condomínio, depois oferecemos para os funcionários e colaboradores, e em seguida doamos para as instituições”, explica a arquiteta, urbanista e colaboradora do projeto, Bartira Bahiades.
Supervisor da agrofloresta, Ricardo Pagliarini, acentua que as doações são importantes, pois muitas famílias não têm condição de diversificar sua cesta de alimentos. “O que doamos é um alimento de altíssima qualidade. É uma horta agroflorestal orgânica. Exige muito trabalho desde a época da preparação do solo, diversos cuidados com a plantação e com o manejo, que é muito laborioso. É um alimento que tem um alto valor nutricional e que muitas pessoas não têm acesso”, salienta o supervisor que afirma que em breve outras doações serão realizadas.
Sobre a Biapó Urbanismo
A Biapó Urbanismo é a responsável pela criação do Parque Cultural Florata, hoje gerido pela Elysium. A área tem cerca de 265 mil metros quadrados que integravam a reserva legal original, foram instaladas trilhas ecológicas que permitem ao público maior contato com a natureza. Em outros mais de 100 mil metros quadrados estão as agroflorestas, que são responsáveis pela recuperação das áreas degradadas, belíssimas esculturas ao longo de sua pista de caminhada e pergolados e outros dispositivos para contemplação local.
Além de implantar o parque com a agrofloresta, a empresa também instalou ao lado o Condomínio Florata, com grandes lotes no sistema de residencial fechado. O condomínio conta com um sistema de segurança com portaria de acesso de pedestre e veículos, segurança armada com ronda motorizada, o que confere ao local tranquilidade aos moradores, em suas ruas internas, parques infantis, pista de caminhada, estações de ginástica, além de muito, mas muito verde.