Medicamentos mais caros, e agora?

Nos últimos meses o brasileiro sofreu bastante com o aumento da cesta básica. Os alimentos ficaram mais caros, o combustível, o gás de cozinha, o vestuário e agora é a vez dos medicamentos. A inflação acumulada em 2021 chegou à casa dos dois dígitos, influenciando diretamente na alta do preço dos produtos.

Há pelo menos uma década o brasileiro não era aterrorizado com uma alta expressiva do preço dos medicamentos. No Brasil, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) é o órgão interministerial responsável pela regulação econômica deste produto. A CMED estabelece limites para preços de medicamentos, adota regras que estimulam a concorrência no setor, monitora a comercialização e aplica penalidades quando suas regras são descumpridas.

Segundo o professor de Farmácia da Estácio e mestre em Ciências Biológicas, Álvaro Paulo Souza, é possível fazer uma retrospectiva desse aumento nos últimos 5 anos, em 2017 o reajuste foi de 1,36% a 4,76%, 2018 de 2,84%, 2019 de 4,33%, 2020 de 5,21% e 2021 variou de 6,79% até 10,08%, sendo que um dos principais indicadores levados em consideração pela CMED é a inflação acumulada do ano anterior.

“No dia 1º de abril a CMED anunciou o percentual de reajuste para o ano de 2022, que assustou muita gente. Esse ano acompanhando a inflação acumulada de 2021 que foi de 10,06% os medicamentos estão sendo reajustados em até 10,89% que foi o limite autorizado pela pasta. Vale ressaltar que é facultativo os laboratórios fazerem o reajuste”, reafirma o professor.

Mas na prática, Álvaro comenta que de fato os laboratórios têm aumentado seus preços e as distribuidoras estão repassando esse reajuste para as farmácias que por sua vez repassa aos consumidores. “Antes do aumento anunciado pela CMED já tinha distribuidora de medicamentos informando para seus clientes que o reajuste seria linear na casa dos 12%”, revela.

Sempre no mês de abril existe um reajuste, revela o farmacêutico, tanto para o estabelecimento de saúde quanto para o cliente/paciente. “Eles já estavam acostumados com os preços, principalmente daqueles medicamentos que fazem uso contínuo, e esse reajuste impacta diretamente no orçamento familiar. Dessa forma, é importante deixar claro que o reajuste é só repassado pela drogaria e foi autorizado pelo governo a partir de sua Câmara Técnica que é a CMED”, explica.

Além disso, Álvaro reforça que todos estabelecimentos de saúde obrigatoriamente devem ter o farmacêutico em tempo integral. “O farmacêutico, nesse cenário, desempenha papel fundamental nas orientações e intercambialidade de medicamentos que pode incidir uma economia em média de 40%, dependendo do medicamento que foi prescrito”, adverte.

“Vale lembrar também que a intercambialidade deve ser feita seguindo as legislações vigentes e sob consentimento do paciente. O farmacêutico deve informar que o medicamento possui o mesmo princípio ativo, mesma dosagem e forma farmacêutica que o prescrito, garantindo que os resultados do tratamento serão os mesmos”, completa o professor da Estácio.

Álvaro ressalta que só o farmacêutico pode sugerir a intercambialidade para o paciente. “Portanto, a população tem um forte aliado para economizar nos preços dos medicamentos mantendo o tratamento farmacológico proposto frente a esse novo aumento publicado pelo CMED”, finaliza.

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